quinta-feira, 24 de maio de 2012

Anjo da Guarda na Umbanda

O Anjo da Guarda é um Anjo pessoal e tutelar, que têm por função velar, proteger, amparar, inspirar e acompanhar seu tutelado (este acompanhar não é algo necessariamente presencial).

Cada tradição explica o Anjo da Guarda de uma forma diferente, embora nos seja mais familiar os conceitos do Judaísmo e Catolicismo é fato que já existia este conceito nas culturas sumeriana, babilônica, persa (zoroastrismo) e outras da mesopotâmia, no oriente médio antigo.

No Espiritismo (Doutrina de Allan Kardec), além de Deus, todas as formas de vida seguem uma mesma e única via de origem e evolução, tudo que vive é, foi ou será espírito, logo anjos são espíritos e anjo da guarda é "espírito tutelar". Muitos o confundem com seu "espírito protetor", "guia espiritual" ou "mentor".

O esoterismo se apropriou dos 72 nomes de Deus na Cabala Hebraica, que são potenciais de Adonai, atribuiu vogais para estes "nomes potenciais" e os identificou como "anjos", fazendo surgir uma tabela com nomes de 72 anjos, relacionada com os 365 dias do ano, em que se faz identificar pela data de nascimento o nome de seu anjo e qual suas qualidades. Embora todas as tradições antigas anjo da guarda não tenha nome conhecido, passou-se a identificar estes nomes de anjos como sendo a identidade dos "anjos da guarda". Este conceito surge na obra de Lenain (A Ciência Cabalística) e se repete na obra de Papus (A Cabala) que é também um segmento do que se conhece como Alta Magia.

Na "Magia Sagrada de Abramelin", um tratado de Magia Cabalística, aparece um conceito de "Anjo Guardião" que se fará presente nos segmentos "Maggikos" de Aleister Crowlei, OTO, Golden Daw e da Magia de Telema, em que o "Anjo Guardião" é uma forma personalizada do Mistério maior, a forma de Deus manifesta para cada um.

Archibald Joseph Macintyre, em seu livro "Os Anjos, Uma Realidade Admirável" apresenta de forma resumida as condições da questão CXIII da Suma Teológica, que é de São Tomás de Aquino, o maior teólogo da Igreja Católica e considerado "Doutor Angélico", desencarnado em 1274, como podemos ver abaixo:

1 - Os homens são custodiados pelos Anjos. Isto porque, como o conhecimento e as aflições dos homens podem varias muito, vindo a desencaminhá-los do bem, foi necessário que Deus destinasse anjos para a guarda dos homens, de modo que, por eles, fossem homens orientados, aconselhados e movidos para o bem. Pelo afeto ao pecado, os homens se afastam do instinto do bem natural e do cumprimento dos preceitos da lei positiva e podem também desobede.

2 - A cada homem custodiado, corresponde um Anjo Custódio distinto. Cada Anjo tem sob sua responsabilidade uma alma que lhe compete procurar salvar.

3 - O Anjo da Guarda livra constantemente seu protegido de inumeráveis males e perigos, tanto da alma quanto do corpo, dos quais o homem não se dá conta. Vimos como Jacob se dirigiu a José (Gen 48, 10): "Que o Anjo que me livrou de todos os males abençoe a essas crianças".

4 - O Anjo da Guarda impede que o demônio nos faça o mal que desejaria fazer-nos. Lembremo-nos da história de Tobias mencionada nesse e no capítulo 3.

5 - O Anjo da Guarda suscita continuamente em nossas almas, pensamentos santos e conselhos saudáveis (conforme se lê em Gen. 16,18; At. 5, 8, 10).

6 - O Anjo da Guarda leva a Deus nossas orações e pedidos, não porque Deus onisciente necessite disso para conhecê-los, mas para que ouça benignamente. Implora por iniciativa própria os auxílios divinos de que iremos necessitar, sem que isso nos demos conta e sem que muitas vezes venhamos a saber que recebemos esses auxílios (ver Tobias c.3 e 12; Atos c.10).

7 - O Anjo da Guarda ilumina nosso entendimento, proporcionando as verdades de um modo mais fácil e compreensível, mediante o influxo que pode exercer em nossos sentidos interiores.

8 - O Anjo da Guarda nos assistirá particularmente na hora da morte, quando mais dele iremos necessitar.

9 - Os Anjos da Guarda, segundo opinião piedosa de grandes teólogos, acompanham as almas de seus protegidos ao purgatório e ao céu depois da morte, como acompanhavam as almas dos antigos patriarcas ao "Seio de Abraão", expressão que simboliza a união com o pai. De fato, a igreja apoiando e confirmando essa crença, na cerimônia da encomendação da alma a Deus, ao descer o corpo à sepultura, como última oração, reza: "Ide a seu encontro Anjos do Senhor; recebei sua alma e conduzi-a presença do Altíssimo...; que os Anjos te conduzam ao seio de Abraão".

10 - O Anjo de Guarda, ainda, segundo a opinião de muitos teólogos, atende às orações dirigidas pelos fiéis à alma de seu custodiado quando esta se encontra no purgatório, "em estado não de socorrer, mas de ser socorrida" (2-2 Q.83 a. II ad 3). Por isso, as súplicas dirigidas às almas no purgatório são das mais eficazes, pois são impetradas pelo Anjo da Guarda da alma a quem se recorre.

11 - O Anjo da Guarda acompanhará eternamente no Céu a seu custodiado que alcançou a salvação, "não mais para  protegê-lo, mas para reinar com ele" (I. Q. 113 a. 4) e "para exercer sobre ele algum mistério de iluminação" (I Q 108 a. 7 ad 3).

12 - O Anjo da Guarda não pode livrar-nos das penas e cruzes desta vida, enquanto Deus em sua infinita bondade no-las tiver mandando ou permitindo, para nossa provação, santificação e purificação. Mas nos ajudará a suportar pacientemente, redignadamente e até mesmo alegremente as provações, encaradas como nossa modesta participação de solidariedade no Mistéio da Redenção da Humanidade, o qual se realizou plenamente no Sacrifício do Calvário, com a morte de Jesus.

13 - O Anjo da Guarda nos protege contra a malícia humana, a injustiça, a hipocrisia, a falsidade, a mentira, a injustiça e os ciúmes daqueles que nos querem prejudicar. Sua veneração e invocação sempre nos hão de valer.

Para nós, Umbandistas, tudo está por se fazer, tudo está por se conhecer, definir e compreender.

Na religião de Umbanda há o costume de se acender uma vela branca de sete dias ao Anjo da Guarda, oferecendo água e mel, o que pode ser feito de forma simples e como prática espiritual de proteção na presença do Anjo da Guarda, fortalecendo o vínculo entre ele e nós. Basta para isso uma vela branca, um pires, um copo de água e mel. Acenda a vela branca e segure-a com a mão direita à frente e acima da cabeça, faça esta evocação:

"Eu evoco a Deus, sua Lei Maior e sua Justiça Divina! Evoco meu Anjo da Guarda, ofereço a vós esta vela e peço que a imante, cruze e consagre em vosso poder se fazendo presente por meio dela em minha vida, em meu coração, palavras e mente".

Encoste a vela em cima de sua cabeça e iamgine a luz dela alcançando o infinito. No alto, onde se encontra seu anjo da guarda com o Altíssimo, a luz sobre como um facho e, quando alcança o anjo, a luz Dele desce por esse facho, iluminando-o ainda mais até alcançar o alto de sua cabeça, entrando por seu corpo e envolvendo-o de dentro para fora e de fora para dentro em sua luz. Nesse momento, dê sete voltas em sentido horário com a vela acima de sua cabeça. Após feito isso, se certifique que a vela está em locaal seguro, tomando o cuidado para não queimar cortinas nem tapetes e evitando estar ao lado de gás ou acessível a crianças e/ou animais domésticos. Essa vela pode estar num altar, acima de uma mesa ou no chão, pois o que importa é que, no ato de ascender e eevocar, nesse momento a vela estava acima de sua cabeça. Agora, basta firmá-la em um local seguro. Coloque um pouco de mel em tornno da vela e o copo de água ao lado dizendo: "Meu Anjo de Guarda, vos ofereço esta água e este mel para que me proteja e envolva meu corpo material, astral e espiritual em vossos eflúvios e irradiações doces, benéficas e revitalizantes. Me inspire bons pensamentos e ações, afastando o mal de minha vida. Amém".

Caso ache necessário, faça outros pedidos. Se você é Médium de Umbanda, tenha em seu Anjo de Guarda uma das mais simples e poderosas proteções que um médium pode ter. A mantenha acesa com vela de sete dias ininterruptamente e reze todos os dias para seu Anjo da Guarda, no mínimo, antes de dormir e ao acordar.

 FONTE: Revista Espírita de Umbanda: Uma religião brasileira. Editora Minuano

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