domingo, 6 de maio de 2012

Exu: o guardião do templo

A figura de Exu - oriundo das plagas africanas - deixa de ser, na Umbanda, um componente enigmático, para firmar-se, com lógica e simplicidade, no esquema de uma comunidade astral extremamente operosa e responsável dentro dos limites impostos pelos mentores da religião de Umbanda.

A palavra Exu significa, na língua yorubana, esfera, ou seja, por associação da mente nativa, "aquele que está em toda parte". Daí pressupomos, com racionalidade, que o Exu cultivado na África era, fundamentalmente, um elemental (água, ar, terra e fogo). Não surpreende pois, que, de acordo com as crônicas daquele povo, os antigos sacerdotes fizessem chover, desviassem ventos no conbate às pragas de insetos daninhos, protegessem queimadas a fim de deter tribos inimigas. Eram magos-feiticeiros que manipulavam elementais. No Brasil, já quase não existem mais esses sacerdotes (babalorixás). Estão em franca extinção.

Na Umbanda, a palavra Exu titula uma instituição do plano astral, conhecida como a Central dos Sete Focos, composta por milhares de criaturas desencarnadas (brancas, pretas, mestiças, atuantes em diversas profissões) que prestam serviços denominados "kiumbas", que se aferram ao trabalho pesado, no desejo natural de serem admitidos na poderosa organização Central dos Sete Focos.

Afora seus deveres profissionais no plano astral, os Exus (assim passam a se chamar genericamente) professam a religião de Umbanda, dando a sua cota de trabalho em serviços a eles determinados. Observa-se, na atualidade, que as sessões de Exu em Templos organizados são realizadas apenas 3 ou 4 vezes por ano, sendo reservadas aos associados e cumprindo sua finalidade que é a de "descarrego" do Terreiro, dos médiuns, frequentadores, além de ajuste de contas e acertos de novas empreeitadas.

A sessão transcorre entre os cânticos, danças e o costumeiro vozeiro dos Exus e Pombagiras que expressam suas opiniões e sentimentos sem nenhuma hipocrisia tão comum à sociedade dos encarnados. Os médiuns vestem-se de preto e vermelho em reverência a dada pelos Exus aos Orixás e Omulu.

FONTE: Cadernos de Umbanda (Coleção Memória do Santé), publicação semestral integrada. Nº 3/julho 1989

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