quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Templo de Umbanda

O Templo de Umbanda, quase sempre, tem a forma de um quadrilhátero, dividido em três partes principais: assistência, com bancos ou cadeiras, para os que vão assistir o culto; o terreiro, onde se processam os diversos ritos e o pegi, ou seja, o altar, onde estão dispostas as imagens de Pretos-Velhos, Boiadeiros, flores, pembas, Caboclos, etc, encimados pela figura de Jesus, de braços abertos, reconhecido como um dos diletos filhos do orixá Oxalá. Tais imagens não se prestam à adoração, servindo, apenas, de referência para a cerimônia mágico-religiosa. Os Centros de Umbanda são encontrados, em sua maioria, nos suburbios e nas zonas rurais. Restam poucos na parte urbana das cidades.

Existem outras dependências que dão respaldo ao corpo central da edificação, tais como: cozinha, banheiros, vestuários, casa de Exu, secretaria. O Terreiro, propriamente dito, é uma câmara energética, onde se processam as danças, cânticos, saudações e trabalhos pertinentes ao culto, não sendo permitido conversas e posturas anti-sacras. A hierarquia é de responsabilidade, cabendo aos mais antigos "no santo" fazer cumprir, com desvelo e exemplo pessoal a parte ritualística da sessão em curso.

A Umbanda é uma religião simples, alegre, amigável para com todos, sem proselitismos. Seus cânticos são ingênuos, não existindo preocupações academicistas, seja de rima ou silabação. São preces extraídas da alma popular e transmitidas, sonoramente, como singelos recados, advertências, louvores, súplicas e contentamento entre criaturas do plano físico e astral. São mensagens pautadas, exclusivamente, no real, sem esperanças fugidias, sempre na certeza da perene plenitude do Orixá. Um credo sem preconceito e sem conivências com o poder temporal.

Em dias festivos os fiéis se paramentam com vistosas toalhas de duas cores, pertinentes aos seus "orixás de cabeça". Vários cânticos são entoados na defumação do Templo. A partir daí, toda devoção é agraciada com danças contínuas, numa constante movimentação dos participantes, em postura mimética. O suave odor das ervas queimadas impregna roupas, toalhas, guias, instrumentos, paredes, tetos e tudo em volta, num descarrego geral, higienizante e vital.

FONTE: Cadernos de Umbanda (Coleção Memória do Santé), publicação semestral integrada. Nº 1/julho 1988

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