quinta-feira, 10 de maio de 2012

Preparação do Altar

O altar é geralmente construído de prateleiras de madeira empilhadas em dois ou três andares. O primeiro andar, pedestal de Oxalá, é ladeado por um castiçal de três bocas, cujas velas acesas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, representados no sincretismo religioso pela imagem do Senhor do Bonfim. Abaixo do cume são expostos os Santos representativos da Umbanda, seguindo a mesma forma de sincretismo.

São Jorge, ou Ogum, o Santo Guerreiro, vencedor de demandas, patrão dos Exus. Ao lado, São Sebastião, que por ser o patrono dos Caboclos e Boiadeiros, é quem chefia a Linha dos Caboclos. Nossa Senhora da Conceição vem exposta mais abaixo. Ela representa o povo da água, a Linha das Águas. É mãe e protetora das crianças, espíritos infantis que se manifestam nas sessões de Umbanda. O guia-chee da Casa localiza-se ao centro do altar. De acordo com o chefe espiritual (Babalaô) o guia-chefe poderá ser um caboclo ou preto-velho, ou as duas entidades.

Espalhados pelo altar (Peji), estão pires e pratos de louçaa contendo mel e água; castiçais com velas e copos com a água que durante a cerimônia adquire fluidos positivos emanados pelas vibrações dos espíritos de luz. Na última parte do altar localiza-se a morada do povo d'água, assento de Iemanjá - a Rainha do Mar, considerada patrona da Umbanda. Numa espécie de lago, ornado com pedras de rio, é depositada a sua imagem. Iemanjá, ao contrário de Xangô, o Santo da Justiça, tem o seu próprio símile, ou seja, sua representação dentro dos rituais afro-brÉ uma bela jovem, saindo do alto-mar, coberta de um manto azulado, imponente, com longos cabelos pretos e olhos azuis.

De acordo com a concepção de cada um, Iemanjá pode ser representada da forma de sereia, ou mesmo como imagem católica (Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Glória ou Nossa Senhora da Conceição). Variando segundo a tradição do ritual, a Mãe D'água pode ser representada até mesmo por objetos colhidos no mar (cavalos-marinhos, conchas, estrelas, peixes, etc).

Ainda na parte inferior do altar assenta-se um dos Santos mais significativos dos rituais africanos, indispensável para a firmeza do Peji. Trata-se de São Jerônimo - O Xangô, Orixá da justiça, Deus dos trovões, relâmpagos e tempestades, esposo de Iansã. No sincretismo, Xangô pode ser representado por São Pedro, São João Batista; mas o santo católico que o representa mais fielmente é São Jerônimo - velho de barba preta, sentado ao lado de uma pedreira, junto ao leão, que é o símbolo da dignidade, e com um livro (as Sagradas Escrituras).

FONTE: O Poder da Macumba. Coleção Espiritualismo. Professor Onassis. Editora Ediouro. São Paulo, 1984. 

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