domingo, 29 de abril de 2012

Os Caboclos na Umbanda

Os Caboclos, na Umbanda, são índios e seus descendentes mestiços (filho de índio com branco) que, no plano astral, optaram não só por uma nova sistemática religiosa mas também pelos arriscados serviços assistenciais na superfície terrestre (por determinado tempo) a fim de conviverem com o "homem branco" e aprenderem coisas que muito os intrigaram, quando aqui estiveram encarnados. Repentinamente os médiuns são "montados" por dezenas de guias e Caboclos que gritam e batem no peito em sinal de presença e reconhecimento da "aldeia" física onde estão sediados para trabalhar. Cumprimentam o congá primeiramente, depois o guia-chefe e, por último, os ogãs.

Andam de cá para lá com passos rápidos e firmes. Dançam o tempo que desejam e, depois, procuram seu costumeiro lugar no Terreiro. O cambono vai atendê-los com charutos e aluás, ou simplesmente abraçá-los, certo de que já os conhece pelos gestos peculiares de cada espírito de caboclo incorporado.
A forma de saudação dos Caboclos lembra um abraço: batem com firmeza o ombro no ombro do visitante - o direito no esquerdo e o esquerdo no direito.

Os médiuns, quando em transe, na personificação de Caboclos, tornam-se aparentemente viris, seguros de si, arrogantes, embora prestativos. Inicialmente são desconfiados, depois de algum tempo de conversa dão apoio e proteção aos consulentes naquilo que acham direito, justo e possível de atendimento. Sua honestidade em relação aos compromissos assumidos perante encarnados e desencarnados exemplifica, na prática, a sua própria maneira de ser e viver, com lealdade, sinceridade e inegável valentia ante os desafetos dos dois mundos.

Com o passar do tempo, tornam-se cordatos e mensamente satisfeitos quando costumeiros consulentes tomam a decisão de renovarem-se moralmente. Para eles é uma vitóri do viver natural com o homem branco da sociedade de consumo. Seus "pontos cantados" se reportam à vida dos rios, animais, estrelas, das cachoeiras, das matas e suas ervas milagrosas. Também falam de sua valentia contra os inimigos e da sua proteção e amizde a encarnados e desencarnados.

Existem amis de trezanetos cânticos, sendo que alguns são os chamados "pontos de raiz", ou seja, da própria lavra dos Caboclos. Quanto aos "pontos riscados" de Caboclos e Caboclas, vemos, com certa reserva, os que passam de uma dezena e são concernentes ao grupo tribal a que pertencem ou à falange astral de trabalho*.
_____
* Realizamos um pesquisa, no plano astral, sobre os Exus e ficamos impressionados com os "pontos riscados" que se relacionam como eles: costumam em livros apresentar mais de quatrocentos quando, na realidade, são apenas 7.

FONTE: Cadernos de Umbanda (Coleção Memória do Santé), publicação semestral integrada. Nº 3/julho 1989

Nenhum comentário: