segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pombagiras

Pombagira é uma entidade que trabalha na Umbanda na linha da esquerda e é uma entidade que tem em sua atuação central a sexualidade e a magia. Existem muitas linhas de pombagiras atuantes na vida de cada pessoa, e cada uma manifesta-se de acordo com a seriedade do médium, se forem realmente pombagiras. As pombagiras superficialmente podem ser classificadas em cinco grandes linhas (há outras, porém, não as citaremos):

  • Linha do Ar, na qual atuam entidades como Maria Padilha, Rosa dos Ventos, etc.;
  • Linha das Encruzilhadas, Pombagira Rainha das Sete Encruzilhadas, etc;
  • Linha do Cemitério, Pombagira da Calunga, Pombagira das Almas, etc;
  • Linha das Ciganas, Pombagira Cigana das Sete Saias, etc;
  • Linha das Matas, como a Pombagira Maria Mulambo e outras.

As oferendas são inúmeras, sempre acompanhadas de champagne de boa qualidade, bons vinhos, bebidas fortes como o gim, Bourbon, martini e em isolados casos a pinga. A ela são oferecidos cigarrilhas e cigarros de boa qualidade, rosas vermelhas, sempre em número ímpar, mel, licor de anis (uma de suas bebidas preferidas), espelhos, enfeites, jóias, bijuterias de boa qualidade, anéis, batons, perfumes, enfim, todo o aparato que toda mulher gosta e preza.

 FONTE: Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Umbanda. Volume I. Janaína Azevedo. São Paulo. Universo dos Livros. 2010. 144 p.

domingo, 27 de maio de 2012

Lenda de Oxóssi

Oxóssi, na Umbanda, é um Orixá bastante peculiar: por vezes, ele é diretamente associado ao caçador, outras, defensor das matas, senhor da fartura, das ervas que curam e da prosperidade. É esse o Orixá responsável por ensinar aos homens o valor da caça com responsabilidade, aquele que mostra que caçar sem moderação pode trazer graves consequências, não só à natureza, mas ao próprio homem.

Oxóssi aprendeu a arte da caça de seu irmão Ogum que, quando lhe ensinou a peleja, passou a se dedicar unicamente a suas ferramentas, à guerra e suas andanças pelas estradas. Oxóssi é caçador. Ogum é guerreiro. Mas embora o irmão tenha lhe ensinado a caçar, foi Deus quem o fez Rei dos Caçadores, título, no entanto, que causa profunda tristeza a oxóssi, pois eis que Oxalá viera a sua morada, depois de uma longa viagem, pedindo-lhe que caçasse uma codorna que deveria ser dada a ele.

Oxóssi o fez e, na manhã seguinte, entregaria a codorna a Oxalá. Deixou-a dentro de sua casa, presa no embornal. Quando Oxalá veio receber sua oferenda, Oxóssi o levou até o lugar, mas quando viu, a codorna havia sido roubada. Tamanho foi seu desgosto que maldisse a vida e jurou que pegaria o ladrão. Perguntou a sua mãe se ela sabia de algo e ela disse que não. Perguntou a todos os criados da casa e eles lhe retarguiram que não sabiam de coisa alguma.

Pediu que oxalá lhe desse mais um dia, e este assim o fez. No dia seguinte, lá estava ele com a codorna. Oxalá ficou muito satisfeito e deu a ele um arco precioso, pelo qual ficou honrado seu posto de Rei dos Caçadores. Nesse momento, cheio de felicidade, Oxóssi lançou ao alto uma flecha, dizendo que aquela ponteira se cravaria no coração de quem lhe roubara a cordorna, a primeira que estava no embornal, por ter tentado impedir sua coroação. Imediatamente, Oxóssi ouviu um grito surdo de sua mãe, e quando chegou onde ela estava, ele a viu, caída no chão, com a flecha encravada  no peito. Ela roubara sua cordorna e a comera, por gula, como a maioria dos homens faz. Isso lhe causou a vida e a felicidade de Oxóssi em ser o Rei da Caça.

Foi quando Oxóssi se precipitou ás matas e lá passou a viver. No entanto, pouco tempo depois, Oxalá o chamou de volta, pois havia uma grande fome que assolava os homens. Ele precisava fazer seu papel: caçar para amenizar a fome do homem. Sua peleja começou, e ele auxiliou todos os caçadores, por vezes, ele mesmo caçava. No entanto, foi pegando gosto exagerado pela caça, e, embora a fome tivesse sido banida, ele continuava matando e matando.

Oxalá interferiu, pedindo que paarasse. Oxóssi não parou. Chegou a inclusive matar um pombo branco, animal de Oxalá, que nem sequer podia alimentar uma criança, tão pequeno que era. Oxalá ficou triste e se afastou de Oxóssi. Já não reconhecia o deus caçador: ele vivia sedento por sangue, sem se importar com as consequências de sua caça. Ele nem conseguia comer mais aquilo que caçava e a comida apodrecia. Os animais começaram a escassear e nem por isso oxóssi parava. isso lhe dava ainda mais gosto.

Oxalá tentou interceder novamente, mas Oxóssi o ignorou novamente. Uma noite, oxóssi encontrou um cervo e nele atirou muitas flechas, mas parecia que elas não tinham lhe causado nenhum dano. Ele se aproximou mais e, dessa vez, o alvejou com sua lança, no que, nesse momento, o cervo se iluminou. Ao lado do eado, ele viu Oxalá e, quando olhou novamente, o que viu foi seu próprio corpo alvejado pelas flechas. Oxalá lhe mostrou que, matando indiscriminadamente, ele apenas acabaria matando a si mesmo. A visão fora tão aterradora que Oxóssi nunca mais caçou.

FONTE: Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Umbanda. Volume I. Janaína Azevedo. São Paulo. Universo dos Livros. 2010. 144 p.

sábado, 26 de maio de 2012

Os Exus na Umbanda

Ponto Riscado do Sr. Exu Veludo
A Umbanda também cultua Exu, mas não o Orixá, como já foi dito antes, o que torna a prática ritual bastante diferente do Candomblé. Na Umbanda não se manifesta o próprio Orixá e sim seus mensageiros, espíritos que vêm em terra para orientar e ajudar. Quando incorporam se caracterizam alguns com capas, cartolas, bengalas (masculinos), e saias rodadas, brincos, pulsieras, perfumes e flores (femininos, também chamados de Pombagiras). Não é necessário, contudo, que os médiuns se valham dessas vestimentas e artifícios para Exu. Cada terreiro trabalha de uma forma diferente, alguns centros uniformizam a roupa dos médiuns, nos quais todos vestem branco, por exemplo.

Encontramos aqueles que crêem que os Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem, e outros que crêem que os Exus podem também ser neutros ou maus. Mas a maioria das pessoas, e até mesmo dos médiuns e dirigentes, não têm uma ideia muito clara da natureza da(s) entidade(s), quase sempre por falta de estudo da religião. Os Exus não devem, portanto, ser confundidos com os obsessores, apesar de ficar sob o seu controle e comando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são orientados por eles para a caridade e o trabalho do equilíbrio e do bem.

Há algumas diferenças na maneira de ver Exu no Candomblé e na Umbanda. No primeiro, Exu é como os demais Orixás, uma personalização de fenômenos naturais. O Cndomblé considera que as divindades, ou seja, os orixás incorporam nos médiuns. Na Umbanda, quem incorpora nos médiuns, além dos Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, são os Falangeiros de Orixás, representantes deles, e não os próprios. A Umbanda vê os Exus não como deuses, mas como uma entidade que busca iluminação por meio da caridade. Em síntese o grande agente mágico de equilíbrio universal.

É preciso dizer, também, que os trabalhos malignos (os tão famosos "pactos com o diabo"), para prejudicar seriamente algo ou alguém, por exemplo, não são acordos feitos com Exus, mas com os kiumbas que agem na surdina e não estão sob orientação de algum Exu, fazendo-se passar por um deles, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos básicos da Umbanda.  Os Exus são confundidos com os kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calçadas no ódio doentio.

Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu, atraindo os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges que trabalham visando à própria evolução.

 FONTE: Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Umbanda. Volume I. Janaína Azevedo. São Paulo. Universo dos Livros. 2010. 144 p.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Lenda de Omulu

Omulu é temido e respeitado por todos, pois ele tem um poder grandioso em suas mãos e é genioso, por vezes mal-humorado e cheio de quizilas.

Suas histórias têm muitas versões, mas na maioria delas fica uma lição: ao ter sua fúria despertada, quer pelo desrespeito, quer pelo descaso ou por oferendas mal feitas, Omulu não possui qualquer misericórdia. Ele deita sobre quem o tiver despertado, não importa se um adulto forte ou uma criança frágil, sobre qualquer um que o desrespeitar, recai sua raiva. E isso significa que quem quer que a sinta vai conhecer a pestilência e a doença. Mas ele é também aquele que detém o poder de curar, quando a causa é justa. Ele carrega em seus atós (cabacinhas) os segredos das doenças e suas curas. Ele já desposou Iansã, que não ligou para sua pele coberta pelas cicatrizes da varíola e por ele, Oxum se enamorou, cuidando-o.

Uma coisa é certa, contudo: apesar de ser filho de Nanã Buruquê, ele nãose dá bem com ela, pois quando nasceu, coberto de doenças e chagas, ela achou que este fosse morrer e o abandonou na praia, na areia, para morrer. Iemanjá o encontrou e, compadecida, o criou. Fez dele um jovem forte, usou a água do mar para curar suas feridas e lhe deu de presente as pérolas do mar.. Nanã, vendo que o filho sobrevivera e crescera forte, um dia o procurou dizendo ser sua mãe e contando-lhe o que se passou. Ele ouvia toda a triste história atentamente, mas não se compadeceu, pois ela o abandonara para morrer. Assim, ele jurou nunca reconhecê-la: para Omulu só existe uma mãe que é sua, e ela é Iemanjá.

Outra história interessante é que, certa vez, vendo os Orixás dançarem, Omulu sentiu-se compelido a dançar também, mas sem coragem por estar com o corpo coberto de feridas. Ninguém chegaria perto dele. Ogum tentou ajudá-lo e lhe fez uma roupa de palha, que ocultava de sua cabeça até seus pés. Mas nem assim os outros Orixás o respeitavam e ninguém dançava com ele. Até que Iansã aproximou-se. Com seus ventos, ela levantou sua roupa de palha das costas e o fez dançar com ela. O vento de iansã fez suas feridas saírem de seu corpo em forma de pipoca, a que todos chamaram Doburu. Omulu e iansã tornaram-se grandes companheiros e rreinaram, a partir de então, sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder sobre os mortos.

 FONTE: Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Umbanda. Volume I. Janaína Azevedo. São Paulo. Universo dos Livros. 2010. 144 p.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Anjo da Guarda na Umbanda

O Anjo da Guarda é um Anjo pessoal e tutelar, que têm por função velar, proteger, amparar, inspirar e acompanhar seu tutelado (este acompanhar não é algo necessariamente presencial).

Cada tradição explica o Anjo da Guarda de uma forma diferente, embora nos seja mais familiar os conceitos do Judaísmo e Catolicismo é fato que já existia este conceito nas culturas sumeriana, babilônica, persa (zoroastrismo) e outras da mesopotâmia, no oriente médio antigo.

No Espiritismo (Doutrina de Allan Kardec), além de Deus, todas as formas de vida seguem uma mesma e única via de origem e evolução, tudo que vive é, foi ou será espírito, logo anjos são espíritos e anjo da guarda é "espírito tutelar". Muitos o confundem com seu "espírito protetor", "guia espiritual" ou "mentor".

O esoterismo se apropriou dos 72 nomes de Deus na Cabala Hebraica, que são potenciais de Adonai, atribuiu vogais para estes "nomes potenciais" e os identificou como "anjos", fazendo surgir uma tabela com nomes de 72 anjos, relacionada com os 365 dias do ano, em que se faz identificar pela data de nascimento o nome de seu anjo e qual suas qualidades. Embora todas as tradições antigas anjo da guarda não tenha nome conhecido, passou-se a identificar estes nomes de anjos como sendo a identidade dos "anjos da guarda". Este conceito surge na obra de Lenain (A Ciência Cabalística) e se repete na obra de Papus (A Cabala) que é também um segmento do que se conhece como Alta Magia.

Na "Magia Sagrada de Abramelin", um tratado de Magia Cabalística, aparece um conceito de "Anjo Guardião" que se fará presente nos segmentos "Maggikos" de Aleister Crowlei, OTO, Golden Daw e da Magia de Telema, em que o "Anjo Guardião" é uma forma personalizada do Mistério maior, a forma de Deus manifesta para cada um.

Archibald Joseph Macintyre, em seu livro "Os Anjos, Uma Realidade Admirável" apresenta de forma resumida as condições da questão CXIII da Suma Teológica, que é de São Tomás de Aquino, o maior teólogo da Igreja Católica e considerado "Doutor Angélico", desencarnado em 1274, como podemos ver abaixo:

1 - Os homens são custodiados pelos Anjos. Isto porque, como o conhecimento e as aflições dos homens podem varias muito, vindo a desencaminhá-los do bem, foi necessário que Deus destinasse anjos para a guarda dos homens, de modo que, por eles, fossem homens orientados, aconselhados e movidos para o bem. Pelo afeto ao pecado, os homens se afastam do instinto do bem natural e do cumprimento dos preceitos da lei positiva e podem também desobede.

2 - A cada homem custodiado, corresponde um Anjo Custódio distinto. Cada Anjo tem sob sua responsabilidade uma alma que lhe compete procurar salvar.

3 - O Anjo da Guarda livra constantemente seu protegido de inumeráveis males e perigos, tanto da alma quanto do corpo, dos quais o homem não se dá conta. Vimos como Jacob se dirigiu a José (Gen 48, 10): "Que o Anjo que me livrou de todos os males abençoe a essas crianças".

4 - O Anjo da Guarda impede que o demônio nos faça o mal que desejaria fazer-nos. Lembremo-nos da história de Tobias mencionada nesse e no capítulo 3.

5 - O Anjo da Guarda suscita continuamente em nossas almas, pensamentos santos e conselhos saudáveis (conforme se lê em Gen. 16,18; At. 5, 8, 10).

6 - O Anjo da Guarda leva a Deus nossas orações e pedidos, não porque Deus onisciente necessite disso para conhecê-los, mas para que ouça benignamente. Implora por iniciativa própria os auxílios divinos de que iremos necessitar, sem que isso nos demos conta e sem que muitas vezes venhamos a saber que recebemos esses auxílios (ver Tobias c.3 e 12; Atos c.10).

7 - O Anjo da Guarda ilumina nosso entendimento, proporcionando as verdades de um modo mais fácil e compreensível, mediante o influxo que pode exercer em nossos sentidos interiores.

8 - O Anjo da Guarda nos assistirá particularmente na hora da morte, quando mais dele iremos necessitar.

9 - Os Anjos da Guarda, segundo opinião piedosa de grandes teólogos, acompanham as almas de seus protegidos ao purgatório e ao céu depois da morte, como acompanhavam as almas dos antigos patriarcas ao "Seio de Abraão", expressão que simboliza a união com o pai. De fato, a igreja apoiando e confirmando essa crença, na cerimônia da encomendação da alma a Deus, ao descer o corpo à sepultura, como última oração, reza: "Ide a seu encontro Anjos do Senhor; recebei sua alma e conduzi-a presença do Altíssimo...; que os Anjos te conduzam ao seio de Abraão".

10 - O Anjo de Guarda, ainda, segundo a opinião de muitos teólogos, atende às orações dirigidas pelos fiéis à alma de seu custodiado quando esta se encontra no purgatório, "em estado não de socorrer, mas de ser socorrida" (2-2 Q.83 a. II ad 3). Por isso, as súplicas dirigidas às almas no purgatório são das mais eficazes, pois são impetradas pelo Anjo da Guarda da alma a quem se recorre.

11 - O Anjo da Guarda acompanhará eternamente no Céu a seu custodiado que alcançou a salvação, "não mais para  protegê-lo, mas para reinar com ele" (I. Q. 113 a. 4) e "para exercer sobre ele algum mistério de iluminação" (I Q 108 a. 7 ad 3).

12 - O Anjo da Guarda não pode livrar-nos das penas e cruzes desta vida, enquanto Deus em sua infinita bondade no-las tiver mandando ou permitindo, para nossa provação, santificação e purificação. Mas nos ajudará a suportar pacientemente, redignadamente e até mesmo alegremente as provações, encaradas como nossa modesta participação de solidariedade no Mistéio da Redenção da Humanidade, o qual se realizou plenamente no Sacrifício do Calvário, com a morte de Jesus.

13 - O Anjo da Guarda nos protege contra a malícia humana, a injustiça, a hipocrisia, a falsidade, a mentira, a injustiça e os ciúmes daqueles que nos querem prejudicar. Sua veneração e invocação sempre nos hão de valer.

Para nós, Umbandistas, tudo está por se fazer, tudo está por se conhecer, definir e compreender.

Na religião de Umbanda há o costume de se acender uma vela branca de sete dias ao Anjo da Guarda, oferecendo água e mel, o que pode ser feito de forma simples e como prática espiritual de proteção na presença do Anjo da Guarda, fortalecendo o vínculo entre ele e nós. Basta para isso uma vela branca, um pires, um copo de água e mel. Acenda a vela branca e segure-a com a mão direita à frente e acima da cabeça, faça esta evocação:

"Eu evoco a Deus, sua Lei Maior e sua Justiça Divina! Evoco meu Anjo da Guarda, ofereço a vós esta vela e peço que a imante, cruze e consagre em vosso poder se fazendo presente por meio dela em minha vida, em meu coração, palavras e mente".

Encoste a vela em cima de sua cabeça e iamgine a luz dela alcançando o infinito. No alto, onde se encontra seu anjo da guarda com o Altíssimo, a luz sobre como um facho e, quando alcança o anjo, a luz Dele desce por esse facho, iluminando-o ainda mais até alcançar o alto de sua cabeça, entrando por seu corpo e envolvendo-o de dentro para fora e de fora para dentro em sua luz. Nesse momento, dê sete voltas em sentido horário com a vela acima de sua cabeça. Após feito isso, se certifique que a vela está em locaal seguro, tomando o cuidado para não queimar cortinas nem tapetes e evitando estar ao lado de gás ou acessível a crianças e/ou animais domésticos. Essa vela pode estar num altar, acima de uma mesa ou no chão, pois o que importa é que, no ato de ascender e eevocar, nesse momento a vela estava acima de sua cabeça. Agora, basta firmá-la em um local seguro. Coloque um pouco de mel em tornno da vela e o copo de água ao lado dizendo: "Meu Anjo de Guarda, vos ofereço esta água e este mel para que me proteja e envolva meu corpo material, astral e espiritual em vossos eflúvios e irradiações doces, benéficas e revitalizantes. Me inspire bons pensamentos e ações, afastando o mal de minha vida. Amém".

Caso ache necessário, faça outros pedidos. Se você é Médium de Umbanda, tenha em seu Anjo de Guarda uma das mais simples e poderosas proteções que um médium pode ter. A mantenha acesa com vela de sete dias ininterruptamente e reze todos os dias para seu Anjo da Guarda, no mínimo, antes de dormir e ao acordar.

 FONTE: Revista Espírita de Umbanda: Uma religião brasileira. Editora Minuano

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Oxalá: O Médium Supremo na Umbanda

Na Umbanda, Oxalá representa o mais alto da hierarquia dos Orixás, tendo como contraparte nosso Mestre Jesus, o Médium Supremo. Nos pontos riscados é representado por uma estrela de cinco pontas. 

Oxalá é representado nos Congás pela imagem de Jesus
Jesus é aquele que veio e está sempre presente, conduzindo a Humanidade de volta aos braços do Pai. Todas as honras e louvores lhe são devidos por sua atuação em todos os planos. O Cristo é a própria divindade que se encontra em esrado latente em todos nós, pois somos espíritos encarnados e trazemos conosco esse centelha divina.

O personagem histórico - Jesus - o homem, ensinou o amor, a benevolência e a caridade; foi um grande mensageiro da Luz, trazendo os ensinamentos que despertaram a consciência dos que estavam mortos para o Espírito, presos na escravidão da matéria, que é nossa redentora e nos auxilia a redimir nossos erros rumo à evolução espiritual.

Na Umbanda, Jesus representa a força de Oxalá, a fonte de energia pura, o Orixá da criação. Oxalá é o núcleo gerador de todos os elementos da natureza, dos quais os demais Orixás são regentes. É por isso que, dentro da cultura africana, Oxalá é conhecido como o Pai de todos os orixás. É o Mestre supremo, o grande luminar de toda a humanidade, pois veio nos trazer, por amor, a libertação através da palavra, dos ensinamentos e de seus exemplos. Jesus é o governador do planeta Terra.

É aquele que está diuturnamente nos amparando, abençoando, irradiando amor, fé, perdão, bondade, caridade e paz. Jesus é o articulador da Umbanda para o plano terreno. A Umbanda existe atulmente, pela graça e a bênção de Jesus. Tanto na Umbanda quanto no Candomblé é de Oxalá a tarefa de criação da Humanidade. Por isso a equivalência a Jesus, manifestação máxima de Deus trino: Pai, Filho, Espírito Santo. Além de responsável pelo molde dos primeiros seres humanos na Terra, é considerado também o cirador da cultura material.

Oxalá é representado nos Congás por Jesus, e é a autoridade suprema na Umbanda. É ele quem ordena aos orixás que venham ajudar seus filhos por meio dos Guias e Mensageiros que vêm em Terra. Sua imagem é a de Jesus Cristo, sem a cruz e sua cor é branca. Oxalá é considerado o Orixá maior na Umbanda, porque é capaz de atuar em todos os elementos e vibrações através dos outros Orixás.

A LENDA AFRICANA

Orixalá ou Obatalá foi encarregado por Olorum de realizar uma grande e importante tarefa: a da criação do mundo. Para isso, recebeu de Olorum o "Saco da Criação". Mas antes de iniciar sua viagem para o cumprimento da missão era necessário que Oxalá realizasse oferendas para Bará. Mas, com seu car´ter um tanto orgulhoso, não o fez.

Iniciou então sua caminhada e, ao chegar à porta do além, encontrou Exu-Bará, fiscal das comunicações entre os dois mundos. Ao saber que o Grande Orixá não havia feito as oferendas, fez com que ele sentisse muita sede durante a caminhada. Orixá não teve outra saída senão tomar o líquido refrescante que escorre do dendezeiro - o vinho de palma. Com isso ficou bêbado, perdeu o rumo e adormeceu.

Veio então Odudua, criado depois de Oxalá, e, vendo-o adormecido, roubou-lhe o Saco da Criação e levou até Olorum, que disse: "Vá você, Odudua encontra uma grande extensão de água e deixa cair o conteúdo do Saco da Criação - a terra; formou-se um monte de terra que ultrapassou as águas. Odudua colocousobre o monte de terra uma galinha de cinco patas, que espalhou a terra sobre as águas. A terra foi se alargando cada vez mais criando a cidade de Ilê-Ifê. Quando Oxalá acordou e não encontrou o Saco da Criação procurou Olorum, que o castigou proibindo-o de beber vinho de palma e usar azeite de dendê. Como consolo, ordenou-lhe que moldasse no barro o corpo dos seres humanos, sobre os quais Ele, Olorum, sopraria a vida.

OXALÁ NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS

O mais importante e elevado do Panteão Iorubá; foi o primeiro Orixá criado por Olorun (O Deus supremo). É um dos Orixás Fun-Fun (da cor branca). É de Oxalá a tarefa de criação da Humanidade. Por isso a equivalência a Jesus, manifestação máxima de Deus trino: Pai, Filho, Espírito Santo. Além de responsável pelo molde dos primeiros seres humanos na terra, é considerado também o criador da cultura material.

São muitas as suas lendas e extensa sua origem e história na África. No Brasil, são mais conhecidos Oxalufan "o velho" e Oxaguian "o novo". Na sua forma "guerreira", Oxalá carrega uma espada cheio de vigor e nobreza; na condição de velho e sábio, curvado pelo peso dos anos, é uma figura nobre e bondosa que carrega um cajado, o Opaxorô, de forte simbologia, utilizado para separação do Orun (o Céu) e o Ayié (a Terra). No Brasil é o mais venerado e a sua maior festa é a cerimônia chamada "Águas de Oxalá", que diz respeito à sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian", para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição delegada, por Olorun, da criação e governo da Humanidade.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ

Os filhos de Oxalá são pessoas tranquilas, que tendem à calma até nos momentos mais difíceis. São amáveis e pensativos, mas não costumam ser subservientes. São articulados, reservados e ás vezes muito teimosos, sendo difícil convencê-los de que estão errados na resolução de um problema. Em Oxalufan, o Orixá mais velho aparece com a tendência para o debate e a argumentação.

LINHA DE OXALÁ

As Linhas de trabalho na Umbanda são comandadas pelos sete Orixás Maiores, Orixás Planetários, Espíritos elevados que nunca encarnaram no planeta. A Linha de Oxalá é comandada por sete Chefes de Legiões, que trabalham nessa Vibração Espiritual.
  • Caboclo Urubatão da Guia (representante da Vibração);
  • Caboclo Guaracy;
  • Caboclo Guarani;
  • Caboclo Aymoré;
  • Caboclo Tupy;
  • Caboclo Ubiratan;
  • Caboclo Ubirajara.
 FONTE: Revista Espírita de Umbanda: Uma religião brasileira. Ediroa Minuano

    Exus: Guardiões da Umbanda

    Exu é a energia ou força primitiva. É a substância pura. É em síntese o grande agente mágico de equilíbrio universal. É um dos maiores, se não o maior executor da Lei Cármica, embora, às vezes inconscientemente. Também é o guardião dos trabalhas de magia, onde operamos com forças ou entidades do baixo astral. A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Seu aspecto tem sempre a função de intimidar. É claro que em determinados locais se apresentam de maneira diversa. Em centros espíritas, por exemplo, podem se apresentar como "guardas", mas também de maneira mais refinada, pois possuem enorme capacidade de mudar sua aparência.
     

    A Umbanda é uma religião voltada à magia. A magia é para a Umbanda o instrumento direto de atuação do Sagrado na solução dos mais diversos aspectos da vida de um indivíduo. O uso constante de ervas medicinais se faz presente em quase todos os trabalhos e serve para os mais diversos fins: desde curas espirituais, através de banhos de descarrego (limpeza de energias deletérias), banhos de força (para proteção) até as defumações. A Umbanda também faz constante uso de velas, flores, frutos, minerais, sementes e raízes em seus trabalhos.

    Até 1940, 32 anos após sua oficialização pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não havia a chamada "Gira d Exu" nas sessões de Umbanda, até que um terreiro, chamado "Caboclo Tupinambá", passou a realizá-las. Foi ordenado, pelo chefe-guia da casa, que fosse retirada a "mesa" do centro do salão. Assim, deu-se espaço para que os Exus se comunicassem com os assistentes e consulentes em um ritual em que, após baixarem os Caboclos e os Pretos-Velhos, baixariam também os Exus, antes de se encerrarem os trabalhos (J. Ronton, Umbanda Mística, 1989, p. 10). Assim tiveram início as Giras de Exu na Umbanda, que antes só aconteciam nos círculos de quimbanda, amcumba e candomblés de caboclo.

    O papel do Exu dentro desse trabalho magístico é ser o Guardião da luz para as sombras e das sombras para as trevas. É ele quem combate seres a serviço do mal, os chamados kiumbas, que são violentos, vingativos e cruéis. Tais criaturas são atraídas so submundo astral por nossas atitudes e sentimentos inferiores, e os Exus são como guerreiros que impedem o acesso desses seres às zonas superiores.


    FALANGE DE EXUS

    Os Exus estão divididos em três grandes Linhas de Trabalho: Cemitério, Encruzilhada e Estrada.


    Exus do Cemitério - É formada por Exus sérios, em sua maioria servidores de Omulu. Não costumam dar consulta, se apresentam principalmente em grandes obrigações, trabalhos e descarregos. Exemplo: Sr. João Caveira, Dona Maria Quitéria, Dona Rosa Caveira, Sr. Sete Catacumbas, Sr. Sete Facas, etc;



    Exus da Encruzilhada - Linha formada por Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da Estrada, mas também não são tão fechado como os de Cemitério. Gostam de dar consulta e também de particiapr em obrigações e descarregos. Alguns deles se aproximam muito (em suas características) da Linha do Cemitério, são os que chamamos de "Encruza Pesada", enquanto outros se aproximam mais da Linha da Estrada, a "Encruza Leve". Exemplos: Sr Sete-Ruas, Sr. Veludo, Dona Sete Encruzilhadas, Dona Maria Molambo.

    Exus da Estrada - São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas. São os guias que dão mais consultas em uma Gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo. Nessa Linha trabalham vários espíritos, desde os Exus da Estrada propriamente, como também os Ciganos e a Malandragem. Também se encaixam nessa Linha alguns espíritos que, apesar de já terem atingido um certo grau de evolução, optaram por continuar sua jornada espiritual trabalhando como Exus (Exu Mangueira, Exu do Tempo, etc). Exemplos: Dona Maria Padilha. Sr. Tiriri, Dona Rosa Vermelha, Ciganinha, etc.


     Exu, o Guia - Existem dois portadores do nome Exu. Um é o Orixá Exu; os outros são os guias que vem na irradiação principal de Exu (O Orixá). Esses guias também são subordinados a um Orixá regente, que pode ser Omulu, Xangô, Oxóssi, etc. Os sete Exus-guias principais, considerados Chefes de Legião, coordenam outros Exus (as Falanges), sendo que cada um de seus comandados coordenam mais sete, seguindo uma ordem hierárquica de cima para baixo, de sete em sete.

    Os Sete Exus Guardiões principais são: Sr. Sete Encruzilhadas, Sr. Marabô, Sr. Traca Ruas, Sr. Tiriri, Sr. Giramundo, Sr. Veludo, Sra. Pombagira

    terça-feira, 22 de maio de 2012

    Especial Sobre o Orixá Ogum

    Esse poderoso Orixá é conhecido como vencedor de todas as demandas. É o Orixá da guerra, que representa o confronto e protege seus filhos em qualquer situação perigosa. É o desbravador dos caminhos, das entradas e saídas das vilas e cidades. Foi o primeiro ferreiro, aquele que descobriu a fundição e inventou as ferramentas. Os Orixás, dentro do culto umbandista, não são incorporados. O que se vê nos templos são os seus falangeiros, Espíritos de grande luz que trabalham sob as ordens dos Orixás.

    A LENDA AFRICANA

    Ogum, de natureza guerreira, segundo as lendas deixou a casa de seu pai, Oxalá, ainda muito jovem, para aventurar-se no campos de batalha. Sentia-se profundamente atraído pelas guerras e, de seu envolvimento nas grandes batalhas, nasceram o amor e o casamento. Ogum casou-se com Iansã, a deusa guerreira. Como não poderia ser diferente par ambos, a guerra era uma meta. Mas dessa vez, o amor havia dominado suas vidas e esse amor foi tão intenso, tão sublime, que Ogum passou a habitar a Terra entre os homens.

    Outra lenda diz que Ogum, Oxóssi e Exu eram irmãos e filhos de Iemanjá. Ogum era calmo, tranquilo, pacato e caçador; era ele quem provia a casa de alimentos, pois Exu gostava de sair pelo mundo e Oxóssi era contemplativo. Um belo dia, voltando de uma caçada vê sua casa cercada por guerreiros de outras terras e em chamas.. Ao se deparar com aquilo, foi toamdo por uma ira incontrolável e sozinho derrotou todos os agressores. Ogum iniciou seu irmão Oxóssi na caça e disse à sua mãe:"Mãe, preciso ir. Tenho de lutar, vencer e conquistar. Mas se em qualquer momento, qualquer um de vocês estiver em perigo, pense em mim, que voltarei de qualquer lugar para defendê-los".

    Assim, Ogum partiu e tornou-se o maior guerreiro do mundo. Vencia a todos os exércitos sem mesmo ter um, tornando assim a verdadeira força da vitória.


    OS FILHOS DE OGUM

    São pessoas corajosas, curiosas e resistentes, que buscam incansavelmente o aprimoramento. Competitivos, não admitem perder e a energia nervosa que acumulam pode ser muito bem empregada se for descarregada em esportes ou outras atividades que implique o desgaste físico. O arquétipo de comportamento de um filho de Ogum está associado à impulsividade, porque é dado a brigas e à medição de forças. Apreciam as novidades tecnológicas e os novos caminhos da ciência. Os filhos de Ogum são amigos inseparáveis, sinceros e leais.

    O filho ou filha de Ogum são gerlmente magros e altos. Apesar de ser um pouco tímido e discreto, quase nunca passa despercebido. O temperamente reflete seu vigor físico: está sempre em atividade, é determinado e criador. O espírito de competição é evidente e a impaciência e as frustrações ao perder criam mais incentivo para que siga em frente. Seu único defeito talvez seja, na maioria das vezes, considerar apenas o seu ponto de vista.

    OFERENDAS PARA OGUM

    Espada de São Jorge



    A Umbanda, como uma religião da Natureza, a vê como seu santuário sagrado, e nele são depositadas as suas oferendas aos Orixás. Os elementos mais comuns oferecidos aos falangeiros de Ogum são Aipim, frutas diversas, fumo na forma de charutos ou cigarrilhas, velas vermelhas, Espada de São Jorge, flores como crista-de-galo, palmas vermelhas ou cravos, cerveja branca ou vinho misturado com chá preto. O melhor dia seria terça-feira (ligado a Marte). 

    Os locais de entrega podem ser na mata ou beira da praia, dependendo como trabalha o Caboclo (com o mar ou com a mata). Ogum Beira-Mar, Sete Ondas, etc, trabalham com o mar; Ogum Rompe-Mato, Sete Espadas, etc, trabalham com a mata. Ao Senhor da Guerra e dos Caminhos pede-se abertura dos caminhos, vitórias justas e merecidas, força para enfrentar as provações, proteção contra os inimigos e quebra de demandas.




    SINCRETISMO

    Desde o momento em que os antigos indígenas tomaram contato com as tradições religiosas dos colonizadores portugueses, passou a ocorrer o fenômeno do sincretismo. Os africanos, aqui trazidos como escravos, não podiam realizar seus rituais. Para continuar professando sua fé, não puderam fazer outra coisa senão relacionar seus Orixás aos santos católicos dos senhores brancos. A Umbanda conseguiu juntar as práticas populares com o cristianismo e as influências negras, mantendo o sincretismo religioso.

    Orixás são energias de grande vibração, divindades que cuidam dos seres que habitam o planeta, crescem e evoluem constantemente. Por serem respinsáveis pela evolução do Planeta, estão mais próximos de nós. Os santos foram pessoas como nós, que um dia viveram na Terra e estiveram sob tutela dos Orixás. Dizer que Ogum é São Jorge seria limitar sua força de Orixá, comparando a de um santo. Devemos sim, considerar que São Jorge tenha sido um "soldado" de Ogum.

    FONTE: Revista Espírita de Umbanda: Uma religião brasileira. Ediroa Minuano

    segunda-feira, 21 de maio de 2012

    Um Ponto de Vista Sobre a Mediunidade

    A mediunidade é fenômeno dos mais complexos, já que sua menifestação não depende da vontade de cada um, o médium nasce com essa faculdade. Se não apromora, se não se dedica ao espiritismo, mais cedo ou mais tarde vem a sofrer em consequência desse dom. O médium é uma prece constante em favor de todos os seres. Feliz é aquele que aceita a missão determinada pelo alto. O médium não desenvolvido capta, em sua passagem pelas ruas ou nos aglomerados, pelas forças negativas, pelos kiumbas, pelos obsessores que atraídos pela força magnética do médium em potencial, se apossam de suas energias, e o perturbam de todas as formas.

    Perguntam os leigos, os que vão, vez por outra, a um terreiro ou a um centro kardecista: existirão médiuns inconscientes? Existem, sim. Não tão numerosos como nos apresentam. A mediunidade inconsciente é fato indiscutível e comprovado. Mas esta classe de mediunidade não é tão corriqueira como afirma a maioria. Que Deus nos ajude a compreender os nosso irmãos a fim de que não analisemos as suas afirmativas na base que vemos e sentimos nos terreiros, mas dificilmente aceitaremos essa generalização da mediunidade inconsciente.

    Sabemos que há convicções arraigadas quanto ao fenômeno e não é do nosso duvidar, a priori, das afirmativas de outrem. Estendemos nossos conceitos acerca da mediunidade sem a preocupação de mostrar sapiência, uma vez que nos consideramos leigos na matéria. O pouco que sabemos é produto de muita leitura, de longas observações, de estudos aos quais nos temos dedicado no afã de aprender mais e mais..

    Contrariando muita gente e até amigos nossos, pessoas que muito nos merecem, somos de opinião que a inconsciência mediúnica não é tão comum como todos querem fazer crer. Que existe, não podemos duvidar, mas não em número tão elevado, chegando quase a generalização.

    Há três categorias de mediunidade: consciente, semi-consciente e inconsciente.

    O médium consciente é o mais comum. Ouve, sente o que a entidade quer transmitir à assistência em plena consciência. Há nessa categoria puro espiritismo. Não há fingimento, não há fingimento. Aproveitamdo-se dessa particularidade é possível que os mistificadores tirem partido para agir de acordo com os seus interesses. O detalhe da mistificação, contudo, não podemos prever nem provar, salvo quando o chefe é vidente e intervém na atuação maliciosa do aparelho.

    Semi-consciente é  o médium que ouve, sente, percebe claramente o que faz, mas não tem força para reprimir, mesmo que seja algo contrário ao que sua mente deseja. Nessa categoria, o médium só fala e age de acordo com a ordem da entidade. Por mais que o médium queira, não consegue interferir com sua vontade própria.

    Os médiuns inconscientes agem como se estivessem adormecidos num sono profundo, do qual ao emergir, de nada se lembram. Nesse caso a entidade (guia) faz o que quer. Fala, escreve, dá passes, faz tudo, enfim, que é necessário aos trabalhos espirituais, sem a mínima interferência do aparelho.

    Os diretores de culto, todos os que têm a seu cargo a elevada missão de conduzir rebanhos em nossa Seara, muito lucrariam e mais produtiva seria sua tarefa se explicassem aos seus filhos e porquê da incorporação, o que é a mediunidade a fim de que houvesse melhor entendimento do culto e dos seus fenômenos metapsíquicos. Não nos parece muito acertado ficarmos adscritos apenas ao trivial, à prática singela da roda, da gira ao som dos atabaques, limitando-nos somente qo que nos é dado ver e sentir. Necessário se torna que nos aprofundemos na doutrina, não só quanto aos seus preceitos como também no que tange à evolução mesma dos fenômenos espíritas entre os quais a mediunidade ocupa lugar destacado.

    Mercê das provas que temos tido, da imponderável força que é o espiritismo, temos absoluta fé nos Orixás da Umbanda e admitimos tudo como certo. Cremos na incorporação espiritual, cremos na existência dos guias, das entidades representativas das falanges, cremos na vidência, aceitamos todas as facetas da mediunidade, mas devemos pôr algumas restrições quando necessário, para que sejamos sinceros com a nossa própria consciência.

    Outro aspecto importante do espiritismo é o que se prende à materialização. Poucos têm a felicidade de assistir sessões onde se registra fenômeno tão importante. Os que discorrem sobre a matéria de forma acadêmica, não facilitam o entendimento geral, de vez que se embrenham nos labirintos dos ectoplasma, citoplasmas, etc., o que não permite a todos uma conclusão definitiva.

    De nossa parte preferimos a forma simplista que se consubstancia na crença pura e simples do fenômeno. A mediunidade e outros fenômenos espíritas têm gerado controvérsias entre os mais autorizados mestres. Que nos perdoem as falhas, os equívocos que porventura estejamos cometendo ao nos intrometer em assuntos cujo mérito não nos é dado conhecer como desejávamos.

     FONTE: Revista Batuque. Ano I. Revista Mensal. Nº 2. Porto Alegre. 1978

    sábado, 19 de maio de 2012

    As Sete Forças da Umbanda

    Na religião umbandista que é o resultado do sincretismo afro-católico-aborígene a trindade será: Tupã, Oxalá e Iemanjá. Tupã representando o pai, o Criador. Oxalá, representando o filho que se acha à direita do Pai, Cristo, e Iemanjá, a deusa do amor, a vibração de paz e alegria, a fecundidade e a continuação da vida.

    Mas, além dessas entidades superiores possuíam os negros a crença nos Orixás, entidades tutelares, jamais encarnadas, apenas força e energia. Em algumas partes da África os Orixás eram chamados voduns, em outroas inquices e tatas.

    Os Orixás no Brasil se sincretizam com os santos católicos apenas por acharem os africanos que certos santos católicos possuíam as qualidades de determinados Orixás. Foi o subterfúfio para evitar os ataques dos feitores e do clero. Mas os Orixás não são os santos católicos. Eles são semelhantes somente aos 7 Senhores Irradiantes da Doutrina Secreta. Não há partícula de vida que não tenha sido criada por eles. Para Santo Agostinho Deus é a causa primária das coisas e as 7 forças seriam a causa secundária. Nos cultos africanos, os Orixás não eram repesentados materialmente, isto é, não havia imagens de Orixás, nem imagem alguma era aceita na religião nagô ou gêge.

    Todos nós, seres humanos, pertencemos a um determinado Orixá, do qual recebemos influência e do qual dependemos. Na Umbanda chamamos Filhos de Orixás aqueles que já se entendem como pertencentes a determinado Orixá e a Ele se consagra.

    Dentre os Orixás que na África eram em número superior a 200 (segundo Edson Carneiro) temos os Orixás Menores e Orixás Menores. Muitos dos Orixás Menores desapareceram no candomblé baiano e na Umbanda, isto porque como eram de pouca importância e dependiam de outros Orixás o tempo foi se encarregando de fazê-los desaparecer. Entre estes estãoEuloia que ainda existe no Recife sincretizada com a Nossa Senhora dos Prazeres e Angôromea que no Rio nenhum umbandista conhece e que na Bahia foi e é Santa Isabel.

    Muitos desses Orixás Menores nem chegaram ao Brasil, pois o negro só transferiu para o Brasil os mais significativos. Ossãe, por exemplo, só existe no candomblé, não na Umbanda; na Bahia esse Orixá é a Dona das Folhas e tem muito prestígio. Obá, esposa de Xangô também só existe no candomblé, na Umbanda esse Orixá não aparece em quase nenhuma gira.

    Dentre os Orixás mais importantes temos

     

    Xangô, o Rei do Oyó, que tem a potência das pedreiras, fala nas tempestades, manda nos raios e trovões e que sincretizou-se com São Jerônimo e com São João Batista. Sua louvação é Caô Cabecilê. A imagem de São João Batista ou São Jerônimo no peji (altar) de Xangô é o símbolo da influência católica na Umbanda.

     




    Ogum. Orixá dos metais e dos caminhos, santo das armas embaladas, Orixá que nas lendas africanas ensinou aos homens o uso dos metais e das ferramentas e que se assemelha ao deus Vulcano na mitologia romana. Ogum se sincretizou com São Jorge no Rio de Janeiro e Santo Antônio na Bahia.


     


    Oxóssi, Orixá da caça, protetor da saúde, das causas difíceis, sua morada é a macáia, isto é, o mato. No candomblé suas cores são o verde, o azul e o vermelho vivo. Na Umbanda são vermelho e verde. Okê Arô Oxóssi.


     


    Omulu, o Orixá das doenças, da peste, o Senhor da Morte, o Dono dos Cemitérios. Esse Orixá sincretizou-se com São Lázaro, São Bento e São Roque, os santos católicos protetores da saúde. Nas aldeias africanas quando a peste aparecia, Omulu era invocado, sua força era bálsamo contra a epidemia e espantava a morte. Seu poder é imenso. O respeito que inspira é enorme. Sua figura tem sido mal compreendida, muitos confundem esse Orixá com o mito do demônio, porque Omulu, na África, se apresenta coberto com palha da Costa para não mostrar seu rosto marcado pela bexiga. Seu instrumento é o xaxará.Atôtô Senhor da Calunga Pequena (cemitério).


     

    Oxum, Orixá dos rios e lagos, das águas doces, era na Bahia, nos candomblés uma Orixá Menina, tratada com dengo e carinho, vaidosa gostava de presentes dourados, contas e pulseiras. orixá dona de muitos axés de Salvador. No Rio de janeiro é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, sua cor é o azul claro, sua vibração é de paz e de amor. Aiêiê, Oxum.

     



    Iansã, a guerreira, a que possui a força das ventanias, a que aplaca os raios e trovões, sincretizou-se com Santa Bárbara, por ser a santa a protetora nos dias de tempestade e relâmpagos. A dança de Iansã é floreada, cheia de virtuosismo e picardia. Em algumas nações de candomblé Iansã é ginantropa, assim como é andrógino Xangô, isto é, são Orixás ora macho ora fêmea. Iansã é recebida com a expressão Eparrei.



    Nanã Buruque é a Orixá mais velha, com mais conhecimento, a mais respeitada de todos os orixás femininos. É da água como todos os Orixás femininos. Sant'Ana é sua imagem material. Sua dança é lenta, como quem aninha uma criança ao colo. Sua saudação é Salubá.

     Oxum-Maré é o Arco-íris e é invocada sempre com Oxum, pois estão na mesma faixa de vibração. É confundido com São Bartolomeu. Na África era orixá angrógino.

    FONTE: 7 Forças da Umabanda. Maria Helena Farelli, 3º Edição. Editora Eco. Rio de Janeiro.

    sexta-feira, 18 de maio de 2012

    Perguntas e Respostas

    Que é a Umbanda? Umbanda é a religião ensinada pelos Pretos Velhos e Caboclos de Aruanda.

    Quem são os Pretos Velhos e Caboclos? São espíritos de muita luz que, servindo-se dos "cavalos", vêm ensinar-nos o caminho do bem.

    Quem são os "cavalos"? Cavalos são os filhos de fé que, com grande renúncia e sacrifício emprestam seus corpos físicos para que, nos mesmos incorporados, possam os Pretos Velhos e Caboclos comunicar-se com seus irmãos que ainda vivem no plano da matéria.

    Como se dão as incorporações? As incorporações dão-se à semelhança das manifestações mediúnicas do Espiritismo.

    Há alguma diferença notável? Sim. Na Umbanda as entidades manifestantes servem-se de agentes que capacitam melhor o "cavalo" e o "guia" a uma mais perfeita comunicação.

    E quais são estes agentes? O "pito", as bebidas adequadas, certos alimentos.

    E quais os fins da Umbanda? Os principais fins da Umbanda são: 1º) A prática da caridade; 2º) Evidenciar a imortalidade; 3º) Provar a reencarnação; 4º) Propagar a palavra de Jesus, o Mestre Supremo da Umbanda; 5º) Promover o respeito e o culto à Natureza criada por Deus; 6º) Harmonizar o homem com o seu Orixá; 7º) Preparar o homem para uma vida melhor aqui e no além.

    Como é praticada a caridade na Umbanda? Com a ajuda espiritual, moral e material.

    Como é provada a imortalidade? Pelas práticas e trabalhos de "terreiro".

    O que é terreiro? O terreiro ou tenda é o centro onde são realizadas as sessões.

    Como pode ser provada a reencarnação? Pelo estudo da lei de causa e efeito (karma) e a meditação sobre os ensinamentos dos guias.

    Em que consiste o culto à Natureza? Consiste na compreensão de que os elementos não são mortos, e sim, animados de vida, de alma como nós próprios.

    Então a pedra, o rio, a montanha, a nuvem, o mar, possuem alma? Sim. São os elementais (espíritos puros) semelhantes aos anjos das demais religiões. E as plantas, os animais, tudo, enfim, tem seu deva ou elemental correspondente.

    Detalhe de uma irmã frente ao guia, recebendo o passe.
    O que é Orixá? Orixá é exatamente o deva ou anjo que preside aos elementais e seres da Natureza. E Orixá também é o Anjo de Guarda particular de cada homem.

    Como pode a Umbanda preparar o homem para uma vida melhor aqui e no além? Mostrando-lhe as verdadeiras causas de sua dor, libertando-o do verdadeiro mal e iniciando-o nos mistérios da vida do além.

    Qualquer pessoa pode ser umbandista? Qualquer pessoa pode ser umbandista, desde que se disponha a renunciar muito ao que lhe proporcione a vida material, a fim de cooperar com o seu esforço na divulgação e prática da doutrina.

    FONTE: Catecismo de Umbanda. A B'D 'RUANDA. 5º Edição. Editora Espiritualista. Rio de Janeiro.

    quinta-feira, 17 de maio de 2012

    Prece de Abertura dos Trabalhos de Umbanda

    Espírito Santo, que me esclareceis em tudo, iluminai todos os meus caminhos para que eu atinja o meu ideal. Vós que me dais o dom divino de perdoar e esquecer o mal que me fazem. Vós que estás comigo em todos os instantes de minha vida, recebei o meu agradecimento por tudo. 

    Eu vos agradeço e confirmo, mais uma vez, que não quero nunca separar-me de Vós. Por maior que seja a minha ilusão material, eu quero estar eternamente convosco e com todos os meus irmãos na glória perpétua. 

    Agradeço mais uma vez pelas graças alcançadas. Assim seja.

    FONTE: O Poder da Macumba. Coleção Espiritualismo. Professor Onassis. Editora Ediouro. São Paulo, 1984.

    quarta-feira, 16 de maio de 2012

    Folheto sobre a Umbanda do livro Tambores de Angola

    Meu filho, minha filha,

    Que as bênçãos do nosso Pai Maior estejam em sua vida. Saravá!

    Você está numa tenda umbandista. Talvez você não tenha vindo aqui por livre escolha. Talvez as dificuldades da vida lhe tenham indicado o caminho. Quem sabe, a curiosidade natural que invade seu coração. Mas não importa. Você está aqui. E nós, também.

    Queremos esclarecer a você que neste recinto reina a disciplina e o respeito por nossos guias e pelas leis da Umbanda. Aqui se pratica a caridade e, por isso mesmo, não se cobra nada pelas orações e pelos conselhos que aqui são prestados. Somos trabalhadores do Pai Maior e não temos outro objetivo que não seja servir de instrumentos para que os guias realizem seu trabalho.

    Não tratamos de nenhum assunto que possa prejudicar o próximo. Não fazemos despachos, oferendas ou matanças de animais. Nossa lei maior chama-se Umbanda, que, para nós, significa união, caridade, crescimento e integração com a lei da vida.

    Sejam bem-vindos, vibre harmonia, bem-estar e prosperidade, e que os guias iluminem sua vida para encontrar resposta aos seus questionamentos e solução para suas dificuldades.

    Saravá os guias da Umbanda! Saravá o Pai Maior!

    FONTE: Tambores de Angola: romance mediúnico pelo espírito Ângelo Inácio. Psicografado por Robson Pinheiro. 2º Edição revista e ampliada. Minas gerais. Casa dos Espíritos, 2006.

    segunda-feira, 14 de maio de 2012

    Características Dadas Pelas Entidades Espirituais

    Filhos de Oxalá - São de caráter brando, sujeitos a receber ingratidões e sofrer as intempéries da vida, não desistindo do caminho traçado, procurando desenvolver a sua missão de acordo com o mês e o dia em que nasceram. São conselheiros, práticos nas suas decisões, mas de secessos lentos.

    Filhos de Oxum - Os filhos de Oxum são amorosos, de tendência doméstica, de sentimentos profundos. Deixam-se levar ou se enganam por confiarem demais. Quase sempre são iludidos devido a sua boa fé. Quando mulheres, são excelentes donas de casa, boas mães, quando encontram harmonia no lar. Em contrário, choram sempre.

    Filhos de Iansã - São vacilantes, não acreditam em ninguém, são inconstantes, não consolidam amizades. O final é o sofrimento. Acabam sempre em desarmonia com o cônjuge. Gostam de bailes, reuniões e vida social. Tomam resoluções inesperadas. Se não tiverem um freio, acabam em má situação por não confiarem em ninguém. Aventuras amorosas.

    Filhos de Iemanjá - Comparam-se essas criaturas às ondas do mar, que, de uma hora para outra, se revoltam. Gostam de perfumes, flores, rosas, sabonetes. Não gostam dos tagarelas. São reservados, sinceros, dotados de forte imaginaçãao. Possuem qualidades de adivinhação. Frios com as amizades. Não se deixam iludir, nem gostam dos aduladores. Tem medo do mar, embora sentindo por ele forte atração.

    Filhos de Nanã - Possuem temperamento de uma senhora de idade, chefes de uma grande família. Gostam de ser bajulados, mas não se deixam iludir. Previdentes com o que vai acontecer. Preferem os seus amores com pessoas de certa idade. Gostam sempre de dominar a fazer prevalecer a sua vontade.

    Filhos de Ogum - Aventuras, destreza. Não temem o perigo. Quando são contrariados resolvem as questões por meio das brigas. Audazes, políticos, gostam de aventuras perigosas. Nunca se sentem satisfeitos com coisa alguma, querendo sempre o que não podem alcançar. Se não tiverem confiança em si próprios podem ser prejudicados.

    Filhos de Xangô - O filho de Xangô é justiceiro, conquistador, mantendo mais de três amores. Profissionalmente é comerciante ou bom escriturário, contabilista. Sempre metido em aventuras. É homem prático na vida. Costuma ser roubado pela confiança que deposita nos amigos.

    Filhos de Oxóssi - O filho de Oxóssi é bom atirador, gosta de caçadas, porém, é muito desconfiado. Audaz, gosta de demandas. Só fica satisfeito quando ganha, pois, não recua diante do inimigo. Aprecia as florestas mais do que as cidades, por amor à natureza. Gosta de danças selvagens e bebidas.

    Filhos de Omulu - O filho de Omulu socorre os fracos e doentes. Médico dos pobres, defende os homens das doenças e das pestes. Gosta de lugares soturnos e de viver isolado. caráter doentio. Quando forte não tem medo de doenças. Gosta da noite. Tem sonhos enfadonhos e místicos. Voz rouca. Sincero em suas palavras, não recua em suas decisões. Fala pouco.

    Filhos de Ibeji - O filho de Ibeji possui mentalidade de criança. Resolve tudo na maior facilidade. Gosta de doces. Não guarda ressentimento de ninguém. Leva a vida conforme ela é. Só se sente satisfeito quando sua vontade é realizada. Gosta de brinquedos.

    FONTE: Revista Batuque. Ano I. Revista Mensal. Nº 2. Porto Alegre. 1978

    domingo, 13 de maio de 2012

    13 de Maio, Dia Comemorativo dos Pretos Velhos na Umbanda

    Meu Irmão, que a consoladora irradiação dos Pretos Velhos, estes humildes filhos de Deus, nestas horas de incerteza e sofrimentos, em que teu espírito passa por duras provações, preso pelos laços da matéria, medita e deixa que as vibrações amorosas e sutis do Pai Preto vos conforte. Sentirás dentro de ti algo que transcende a tua compreensão, algo que far-te-á feliz e experiente par suportar as dores cruciantes da tua peregrinação evolucional por este plano.

    Caro Irmão, tudo sofre para alcançar a perfeição, mas creias tu, que do sacrifício irá desabrochar o teu espírito formoso e radiante, faça do evangelho de Cristo o teu roteiro de luz e sintas dentro do teu Centro, junto de teus Irmãos de corrente, a alegria de servir a outros mais sofredores que tu. Dê amizade, amor e compreensão, deixe que através da incoporação serena e bela dos Pretos Velhos e Pretas velhas, sejam transmitidas a paz e a resignação para os viajores da evolução, que buscam na tua mediunidade a inspiração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Tuas dores cessarão, tua vida será um eterno flutuar, pois com Cristo somos tudo e sem ele nada somos. Viva, pois, amando, perdoando e fazendo o bem a todos. E as correntes espirituais do bem que trabalham na bendita Lei da Umbanda, trazendo Astral à Terra, em irradiações constantes, o bem, haverão de abençoar-te e fazer-te feliz para sempre. Pois todas as pessoas que procuram fazer algo além do que o dever, encontrarão sempre o caminho para a verdadeira felicidade.

    Antônio Carlos Mendes, Santa Maria - RS

    FONTE: Revista Batuque. Ano I. Revista Mensal. Nº 5. Porto Alegre. 1978

    sábado, 12 de maio de 2012

    Opinião

    Qual o Exu mais perigoso? Eu respondo:

    Somos nós, quando procuramos iludir nossos irmãos trabalhadores, os Exus. Oferecendo-lhes migalhas, exigimos, em troca, que façam aquilo que não temos coragem de fazer, realizar os mais absurdos malefícios às criaturas. Esquecemos que um dia teremos que prestar contas de nossas atitudes e aqueles que assim agem, esquecem a Lei do Retorno, a Lei das Causas e Efeitos.

    Irmãos de crença, irmãos em Cristo, sejam mais honestos conosco mesmo, sendo compreensivos com nossos irmãos Exus, considerando-os, antes de mais nada, nossos irmãos, amigos e companheiros de todas as horas. Qual o amigo que não troca favores, fazendo até o impossível para ajudá-lo?

    Devemos oferecer a eles compreensão, carinho, calor humano e presentes, mas devemos estar conscientes do que pedimos que façam por nós, considerando sempre que o Exu, como toda a vida neste planeta, luta pela mesma finalidade: a evolução espiritual. Creio que ninguém desconhece que todos, quer no plano físico, quer no plano espiritual, alcançaremos um dia a complexidade evolutiva, portanto, não temos o direito de, com nossas ambições maldosas, retardar a evolução de nossos irmãos Exus.

    Teresa Trindade, Santa Maria - RS

    FONTE: Revista Batuque. Ano I. Revista Mensal. Nº 5. Porto Alegre. 1978

    sexta-feira, 11 de maio de 2012

    Oração à Xangô

    Saravá, meu Pai Xangô,

    Saravá tuas falanges que vibram nas cachoeiras e nas pedreiras. Na magia divina de Tua força, encontramos a justiça, encontramos a serenidade para nossos atos, encontramos o apoio que necessitamos para vencer as nossas lutas. Quanto à Ti nos dirigimos, o fazemos com o coração cheio de fé, cheio de esperança, com a certeza de que - se tivermos merecimento - teremos a Tua ajuda. Cremos em Ti, Pai Xangô, porque sabemos o quanto és poderoso e justo.

    Confiamos em Ti, porque sempre nos atendestes nos momentos de aflição e amargura; sempre nos destes o apoio quando a Ti recorremos; sempre estivestes ao nosso lado quando nos sentimos desamparados. À Ti, Pai Xangô, elevamos as nossas súplicas, confiantes nas Tuas falanges, poderosas mensageiras da Luz e da Verdade. Na hora da dor ou nos momentos de alegria, nas ocasiões em que sentimos preocupados ou quando tudo nos corre bem, em todos os minutos de nossa vida, em Ti encontramos o alento, encontramos o conforto, e de Ti recebemos a graça.

    E quando erramos, quando sentimos que nada merecemos, mesmo assim, à Ti nos dirigimos. Curvamo-nos arrependidos, pedindo-te malême pelas nossas faltas. No altar de nossa fé, reverenciamos a Tua imagem, símbolo sagrado que nos dá a certeza de que acima das falhas humanas, paira, soberana, a crença no eterno, no imutável, no poder que possues, poder que é luz, poder que é Verdade, poder que emana do Reino de Zambe.

    Ajuda-nos, Pai Xangô, a continuar a nossa jornada neste mundo de provações. Dá-nos a compreensão que necessitamos, para que nossa mente se torne mais firme, para que tenhamos mais força e possamos ajudar os nossos semelhantes. Auxilia-nos com Tuas lições de sabedoria, para que possamos transmiti-las aos que carecem de conhecimentos dos verdadeiros caminhos de fé, de resignação, da justiça e do amor. Enche o nosso coração de fé, de tolerância, para que façamos de nossa humildade um escudo poderoso contra os que se julgam nossos inimigos.

    Dá-nos luz, muita luz, para caminharmos sem desfalecimento na estrada as provações, para que olhemos sempre para a frente, sem temer as pedras e os espinhos.Afasta do nosso pensamento a ira, a vingança, a vaidade e o desespero. Com tua ajuda teremos mais coragem, teremos compreensão, teremos forças para vencer as nossas lutas e ajudar os nossos irmãos sofredores. A Ti, Pai Xangô, agradecemos tudo o que temos recebido e Te saudamos com alegria, neste momento em que sentimos que estás ao nosso lado, estás em nosso pensamento, estás em nosso coração. 

    Assim seja.

    Xangô - Orixá da Justiça

    quinta-feira, 10 de maio de 2012

    Preparação do Altar

    O altar é geralmente construído de prateleiras de madeira empilhadas em dois ou três andares. O primeiro andar, pedestal de Oxalá, é ladeado por um castiçal de três bocas, cujas velas acesas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, representados no sincretismo religioso pela imagem do Senhor do Bonfim. Abaixo do cume são expostos os Santos representativos da Umbanda, seguindo a mesma forma de sincretismo.

    São Jorge, ou Ogum, o Santo Guerreiro, vencedor de demandas, patrão dos Exus. Ao lado, São Sebastião, que por ser o patrono dos Caboclos e Boiadeiros, é quem chefia a Linha dos Caboclos. Nossa Senhora da Conceição vem exposta mais abaixo. Ela representa o povo da água, a Linha das Águas. É mãe e protetora das crianças, espíritos infantis que se manifestam nas sessões de Umbanda. O guia-chee da Casa localiza-se ao centro do altar. De acordo com o chefe espiritual (Babalaô) o guia-chefe poderá ser um caboclo ou preto-velho, ou as duas entidades.

    Espalhados pelo altar (Peji), estão pires e pratos de louçaa contendo mel e água; castiçais com velas e copos com a água que durante a cerimônia adquire fluidos positivos emanados pelas vibrações dos espíritos de luz. Na última parte do altar localiza-se a morada do povo d'água, assento de Iemanjá - a Rainha do Mar, considerada patrona da Umbanda. Numa espécie de lago, ornado com pedras de rio, é depositada a sua imagem. Iemanjá, ao contrário de Xangô, o Santo da Justiça, tem o seu próprio símile, ou seja, sua representação dentro dos rituais afro-brÉ uma bela jovem, saindo do alto-mar, coberta de um manto azulado, imponente, com longos cabelos pretos e olhos azuis.

    De acordo com a concepção de cada um, Iemanjá pode ser representada da forma de sereia, ou mesmo como imagem católica (Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Glória ou Nossa Senhora da Conceição). Variando segundo a tradição do ritual, a Mãe D'água pode ser representada até mesmo por objetos colhidos no mar (cavalos-marinhos, conchas, estrelas, peixes, etc).

    Ainda na parte inferior do altar assenta-se um dos Santos mais significativos dos rituais africanos, indispensável para a firmeza do Peji. Trata-se de São Jerônimo - O Xangô, Orixá da justiça, Deus dos trovões, relâmpagos e tempestades, esposo de Iansã. No sincretismo, Xangô pode ser representado por São Pedro, São João Batista; mas o santo católico que o representa mais fielmente é São Jerônimo - velho de barba preta, sentado ao lado de uma pedreira, junto ao leão, que é o símbolo da dignidade, e com um livro (as Sagradas Escrituras).

    FONTE: O Poder da Macumba. Coleção Espiritualismo. Professor Onassis. Editora Ediouro. São Paulo, 1984. 

    quarta-feira, 9 de maio de 2012

    Oração às Almas

    Santas almas cristãs, que neste mundo não desfalecem na fé de Nosso Senhor Jesus Cristo e que, merecidamente gozais da paz, da felicidade, das bem aventuranças eternas.

    Santas almas cristãs que viveis na luta eterna, eu vos dirijo esta prece, tendo confiança em vossa caridade. Rogo-vos que oreis por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Santíssima Virgem Maria, e que apresenteis meus lamentos à Justiça de Deus Pai, Todo Misericordioso, cujos louvores não cessam na boca dos seus Santos Anjos.

    Vede, Santas Almas, caridosas, que estou sofrendo e que uma profunda tristeza abateu meu coração. Vinde pois em meu socorro, afastai de mim as influências dos espíritos privados de luz, afastai de meus caminhos meus inimigos, as pessoas invejosas, e aclarai a minha mente para que eu possa ver claro o caminho do bem e siga os ensinamentos de Nosso Senhor. Acorrei Santas Almas, em auxílio, não desamparai um irmão que vos suplica, cheio de fé em vosso merecimentos e em vossa caridade. Pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja.


    FONTE: O Livro de Orações. 16º Edição. Editora Eco. Rio de Janeiro.

    terça-feira, 8 de maio de 2012

    Princípios Básicos para Abertura de Terreiro - instalação

    Montar um Centro de Umbanda em local independente de uma residência torn-se mais correto, pois um ambiente tranquilo, livre de qualquer manifestação contrária ao bom andamento dos trabalhos espirituais, é da maior importância. Convém, portanto, que o local seja afastado dos ruídos, para a concentração completa dos guias-entidades que deverão baixar e praticr seus atos de caridade.

    Uma casa de culto deve compor-se de rtrês cômodos internos:

    • O salão de sessões e reuniões espirituais;
    • O local onde permanecerão as pessoas que aguardam os passes e consultas com os guias;
    • O quarto onde devem ser guardados vestes e pertences dos guias, assim como todo o material ritualístico (velas, defumadores, chrutos, pembas, copos virgens, etc).

    Na parte externa será instalada a Casa das Almas, local onde são venerados os espíritos que pertencem à linha das almas: crianças, preto-velhos em geral, caboclos e exus pertencentes a esta linha. Ainda na parte externa localiza-se a tronqueira, conhecida também como Cada dos Homens ou Porteira. Neste local são colocados os pertences do Guardião ou Sentinela da Casa (Exus e Pombagiras): charutos dos Exus, copos e garrafas de "marafo" (cachaça); champanhe das Pombagiras, velas vermelhas ou pretas, cigarros, fitas e comida dos Exus.

    Tanto a Casa das Almas como a dos Exus devem ser iluminadas na segunda-eira, dia da sessão. A Casa das Almas é pintada de branco, a dos Exus de vermelho e preto. As duas Casas são parte fundamental dos rituais de Umbanda: a das Almas, ´pr veneração; a dos Exus, por obrigação, pois a Tronqueira é indiscutivelmente a segurança total da Casa.

    FONTE: O Poder da Macumba. Coleção Espiritualismo. Professor Onassis. Editora Ediouro. São Paulo, 1984.

    segunda-feira, 7 de maio de 2012

    Os Exus na Umbanda

    A condição de Exu na Umbanda, tanto como orixá quanto como espírito, condiz com a figura do mensageiro, do "Povo da Rua", e é bastante controversa. Nas casas mistas e na Umbanda de Nação, ele é cultuado como Orixá, mas, na Umbanda tradicional, é tratado como espírito, a serviço dos falangeiros, mas pouco evoluído, ligado à materialidade e ao mundano. Assim, esta é uma das entidades mais controversas, pois dados o seu caráter de ação material e sua natureza fanfarrona e vingativa, Exu foi tomado em sincretismo, pelo Diabo.

    Exu Orixá, na Umbanda, tem um culto muito restrito. As entidades que servem a seus fins, Exus de Rua e Pombagiras, é que acabam por realizar suas funções. Na Umbanda, não se manifesta o próprio Orixá, mas sim seus mensageiros, espíritos que vem a terra para orientar e ajudar. Quando incorporam, alguns se caracterizam com capas, cartolas, bengalas (masculinos), e saias rodadas, brincos, pulseiras, perfumes e flores (femininos, também chamados de Pombagiras). Não é necessário, contudo, que os médiuns se valham dessas vestimentas e artifícios para Exu. Cada terreiro trabalha de uma forma diferente, alguns centros uniformizam a roupa dos médiuns, onde todos vestem branco, por exemplo.

    Encontramos aqueles que creem que os Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem, e outros que creem que eles podem também ser neutros ou maus. No entanto, a maioria das pessoas, e até mesmo os médiuns e dirigentes, não têm uma ideia muito clara da natureza da(s) entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião.

    Os Exus não devem, portanto, ser confundidos com os obsessores, apesar de ficarem sob o seu controle e comando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são orientados por eles para a caridade e o trabalho do equilíbrio. Há algumas diferenças na maneira de ver Exu no Candomblé e na Umbanda. No primeiro, Exu é como os demais Orixás, uma personificação de fenômenos naturais. Já a Umbanda vê os Exus não como deuses, mas como uma entidade que busca iluminação por meio da caridade. Em síntese, o grande agente mágico de equilíbrio universal.

    É preciso dizer, também, que os trabalhos malígnos (os tão famosos "pactos com o diabo") para prejudicar seriamente algo ou alguém, por exemplo, não são acordos feitos com os Exus, mas com os Kiumbas que agem de maneira inescrupulosa e oculta  e que não estão sob a orientação de nenhum Exu, fazendo-se passar por um deles, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos básicos da Umbanda.

    Os Exus são confundidos com os Kumbas, mas esses últimos são, na verdade, espíritos trevosos ou obsessores, desajustados perante a Lei, wue provocam os mais variados distúrbioss morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras depressões. São espíritos que se comprazem com a prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calçadas no ódio doentio. Esses espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu, atraindo os obsessores, cagos ainda, e procurando trazê-los pra suas falanges, que trabalham visando à evolução.

    É necessário também falar um pouco sobre a Pombagira, uma entidade feminina que trabalha na Umbanda na Linha de Esquerda e é quem tem, em sua atuação central, a sexualidade e a magia. Sua natureza é bastante extrovertida, e elas trabalham com serenidade e ética, sendo, por vezes, ainda melhores que os Exus para alguns assuntos, especialmente relacionados a casamento e família, já que não raro foram mães e filhas que aprenderam de forma dura a dar valor a isso.

    FONTE: O Livro da Esquerda na Umbanda/Janaína Azevedo Corral. - São Paulo: Universo dos Livros, 2010. 128 p.